quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Diabetes

- "Você está diabético. E, uma vez diabético, sempre diabético"!

Essa foi a sentença médica, anunciada no mes de junho do corrente ano, pela endocrinologista que escolhi para cuidar do caso. Fácil de dizer, difícil de assimilar. Simples assim!

Ainda meio aturdido por essa nova situação, em minha vida, ouvi as pessoas mais próximas dizerem, para me consolarem: "Você tem uma inclinação para a tragédia. Encare a questão com otimismo. Ah...! Não é nada! Basta não comer açucar, tomar o remedinho e seguir vivendo. Às vezes você até pode sair da linha, comer uma coisinha aqui, abusar um pouco ali, mas o remédio segura e você pode levar sua vidinha normal. Ninguém morre de diabetes. O Fulano tem, o beltrano vive com isso há anos, o sicrano tira de letra. Não se preocupe, tudo vai acabar bem"!

E eu me pergunto: será tão simples assim? Será que tenho mesmo uma inclinação para a tragédia ou o Diabetes é uma doença que, mesmo sendo tratada sem a devida dramaticidade, requer seriedade e reverência por tudo o que está subjacente, quando ela entra em nossa vida?

De imediato fui buscar mais informações. E as conclusões, tiradas durante esse curto período, é de que, se não for levada a sério, a doença pode ocasionar sérios problemas. O mais grave do diabetes é que, por lesar os vasos, ele provoca sérias complicações. Tais como: doença cardiovascular, doença renal crônica (levando até à necessidade de diálise), lesões nos rins, lesões nos membros periféricos (como os pés, podendo chegar à amputação) e lesões nos olhos (provocando cegueira em alguns casos).

As bactérias encontram na boca a primeira disposição para se instalar, já que os tecidos da gengiva tornam-se flácidos e vulneráveis ao surgimento de doenças periodontais. Especialistas dizem que taxas elevadas de glicose no sangue causam, a cada ano, cerca de 3 milhões de mortes em todo o mundo, cifra que continuará a crescer. É vital, portanto, que o diabético não poupe esforços para integrar-se ao tratamento em todos os sentidos.

O número de diabéticos mais do que dobrou no mundo desde 1980. Há, hoje, no mundo, cerca de 347 milhões de pessoas com a doença, superando em muito as expectativas de uma projeção em torno de 285 milhões no contexto mundial. Do total de portadores do mal, 138 milhões vivem na China e Índia e outros 36 milhões nos Estados Unidos e Rússia.

No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, existem hoje 5,5 milhões de diabéticos e o país caminha para se tornar o quarto colocado no ranking de casos de diabetes no mundo. A previsão de crescimento desses índices acompanha os números da OMS: em 2025 chegaremos a 11 milhões de portadores da enfermidade.

Estudos realizados no Brasil mostram que boa parte dos pacientes diabéticos desconhece a enfermidade, pois o diabetes é uma doença silenciosa e, por não fazerem exames regulares, não tomam os devidos cuidados. E, entre os que recebem esse diagnóstico, menos da metade segue o tratamento, conforme afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, o médico Marcos Tambascia.

Dado esse quadro, é recomendável que adultos maiores de 40 anos realizem o exame para diagnóstico e detecção precoce a cada três anos. Aqueles que apresentam qualquer fator de risco devem se submeter ao teste a cada três anos. Aqueles que apresentem fator de risco devem se submeter ao testo anualmente, mesmo que na ausência de sintomoas. Mulheres grávidas com mais de 25 anos, obesas ou com história familiar da doença também devem pesquisar a enfermidade.

Ao longo da vida, o que o diabético enfrenta depende diretamente do modo como ele lida com esse disturbio. Por isso ele deve seguir à risca o tratamento, que inclui a aplicação diária de insulina, para os casos do tipo 1, ou tomar os medicamentos diariamente, fazer dieta e, sobretudo, fazer uma mudança de hábitos, passando a exercitar-se frequentemente, para os casos do tipo 2. Ainda sim o diabético estará sujeito aos revezes.

Por isso é fundamental, para o diabético, contar com os serviços da rede de saúde, seus profissionais e o auxílio e a colaboração de seus familiares. A partir de uma rede de informações sobre a doença, deve procurar fazer exercícios mais frequentes, levar uma vida mais tranquila, seguir rigorosamente os horários de remédios e refeições, controlar a glicose no sangue, evitar sobrecarga de peso, além de outros cuidados, indicados por especialista. Além disso, é necessário valorizar a relação paciente-médico, cabendo a esse orientar as medidas de acordo com o tipo de diabetes e as características individuais do paciente.

Alguns profissionais têm aconselhado o diabético a estar ligado à uma equipe multidisciplinar, que inclui médico, enfermeira, nutricionista, podendo ainda ter um educador físico e uma assistente social. E às vezes é necessário um suporte psicológico ao paciente. Dificilmente poderá manter o controle de sua doença se não estiver bem informado e conscientizado, renovadamente estimulado e consciente sobre o que significa ser um paciente diabético.
Muitas vezes, pode ajudar o convívio com outros diabéticos, para a troca de experiências, visando tornar o dia-a-dia mais fácil, seja através de associações, grupos montados por profissionais de saúde ou quais outros meios de aproximação, sempre com o auxílio de especialista para orientar e superficionar os trabalhos.

Geralmente passamos pelos bancos escolares uma vez na vida. Mas o aprendizado nunca acaba. Mesmo na velhice tenho que deletar tudo que sei, em relação a meus conceitos de saúde, e aprender tudo de novo. Não basta compreender, não basta assimilar, tenho, agora, que criar consciência sobre o que significa "ser uma pessoa diabética".

Quanto a você, que me lê, agora, se estivar sentindo um desses sintomas: cansaço frequente, urinar a todo momento, ter fome a toda hora, sentir muita sede, perder peso sem razão, verificar a existência de feridas que não cicatrizam, ter problemas sexuais ou visão turva, o melhor é procurar o seu médico de confiança.

Vamos evitar que as estatísticas apresentem números superiores às projeções. Para tanto, é preciso ampliar a consciência sobre o próprio corpo, aumentar a qualidade de vida e, sobretudo, dispensar maus hábitos que acelerem o equilíbrio metabólico, provocados pelo sedentarismo, a ingestão de alimentos inadequados e o stress, tão comum nos dias de hoje.