Foz do Iguaçu é um centro urbano com vocação turística e comercial, que vem se constituindo, nos últimos anos, em núcleo polarizador de visitantes interessados em conhecer suas belezas naturais e, também aproveitar a curta distância das fronteiras com a Argentina e o Paraguai, para fazer compras nas cidades de Puerto Iguazú e Cidad del Este.
Para quem estiver interessado, há um tour específico para circular pelos principais pontos da Cidad del Este. Mas a maioria mesmo prefere se dirigir ao miolo urbano, localizado junto a Ponte da Amizade, para ir direto às compras.
Quem não gostaria de dispor de uma quantidade ilimitada de dinheiro e seguir olhando pelas vitrines dos shoppings para conhecer os artigos expostos e ingressar nas lojas para efetuar suas compras, tanto quanto seus olhos são capazes de vislumbrar?
São poucos os turistas que invadem cidades vizinhas conseguindo limitar-se ao tamanho dos bolsos que levam, conseguindo apenas passear e ater-se a uma verdadeira economia providencial, na qual o que se compra é tão somente o indispensável para suprir as suas necessidades.
Pois, pelo que observei, a maioria chega à Cidad del Este dizendo que vão se comportar, limitar-se ao indispensável e equiparar visita, passeios e compras. Aos poucos vão deixando de lado sua disciplina e se deixando levar por seus olhos, que vêem vitrines apelativas, produtos mais em conta, mercadorias que sempre estiveram em seus sonhos de consumo à disposição. E da caminhada vai surgindo um novo verbo, cada vez mais assumido por entonação mais forte: consumir.
O tempo é curto, três horas, que logo passam e deixam um gostinho de quero mais. O jeito é correr, pegar o que pode a tempo de voltar às vãs, que o trarão de volta. Voltam sempre carregados de pacotes e com o sorriso nos lábios. Não é incomum membros da mesma leva gabarem-se entre si por seus feitos: "veja só o que consegui. Uma verdadeira pechincha".
Levados pelo impulso do consumo muitos turistas acabam por
arrumar confusão nas aduanas, por se esquecerem das regras básicas que regem o
comércio além fronteira.
Shopping Cidade del Leste, no Paraguai. Foto de minha autoria. |
A primeira delas é de que a quota, para cada pessoa, é de
U$300,00 e não de U$500,00, como muitos acreditam. Esse último limite serve
apenas para free shoppings. Para produtos incluídos na lista divulgada pela
Aduana brasileira, entre eles eletrodomésticos e em especial computadores,
deve-se parar no Posto da Receita Federal e declarar espontâneamente o que está
sendo levado.
Como geralmente os fiscais não revistam os pacotes, muitos
acham que a dispensa não lhes causará problemas na volta para casa. Mas ao
chegarem no terminal aeroviário de Foz do Iguaçu, deverão passar por uma
meticulosa revista. Por isso que Foz do Iguaçu é um dos raros destinos onde o
passageiro é obrigado a se apresentar não uma mas duas horas antes.
Ao chegar ao terminal, devem apresentar as notas de compra e
a respectiva declaração da aduana. Como não providenciaram tais procedimentos,
passam por canais burocráticos que aumentam o tempo de viagem e criam embaraços
e não raro vêem suas mercadorias apreendidas.
Muitas vezes se esquecem de pedir, nas lojas onde compram, a
nota fiscal, onde os funcionários costumam fornecer tão somente simples recibos
que não possuem validade para comprovação junto a Receita Federal brasileira.
Muitos, procurando burlar o fisco brasileiro, costumam declarar valores muito
abaixo daqueles verdadeiramente desembolsados. Os fiscais conhecem os preços
reais praticados. E, assim, esses consumidores atestam a sua intenção de
aplicar a lei de Gerson junto ao Governo Brasileiro. Mas as máscaras caem e logo
vêem a alegria da compra se transformar em embaraço e dor de cabeça.
Além disso, passam por outros embaraços: os mais desavisados
estão sujeitos a comprar gato por lebre. Em alguns casos, ainda bem não muito frequentes,
olham a mercadoria no ato de aquisição, constatando tratar-se de produto
original de qualidade, porém, ao levarem as embalagens para casa, descobrem que alguns
vendedores inescrupulosos, felizmente poucos, costumam substituir as
mercadorias adquiridas por outras falsificadas e de qualidade muito inferior. Essa
atitude, de tentar burlar outros, não é de lá, apenas, mas de todo lugar, pois
pertence à natureza e à índule humanas, quando não controladas.
Já longe dos locais de compra os desavisados encontram
dificuldades para fazer a troca e reparar seus prejuízos, que se tornam certos em
razão da falta de cuidado em examinar o que estão levando para suas casas. Por
isso devem aprender a distinguir lojas sérias de vendedores inescrupulosos,
antes de efetuarem suas compras.
Shopping Cidade del Leste, no Paraguai. Foto de minha autoria. |
A Cidad del Eeste, no Paraguai, possui shoppings (foto acima
de minha autoria) que oferecem preços e garantia compatíveis. Entre eles
conhecemos o Shopping Cidad del Este e o Shopping Monalisa (www.monalisa.com.py), além do Shopping
Lion, cuja variedade de produtos e opções permitem uma boa e confiável escolha.
Mas também há centenas de pequenas lojas, espalhadas pelo
nucleo central urbano, que aceitam o pagamento em real ou cartões de crédito internacionais.
Os produtos são mais em conta mas há que se deter e escolher o produto certo.
E, também, há infinidade de barracas de camelôs, cuja negociação é livre e o
poder de barganha maior ainda. Basta perguntarmos os preços e darmos as costas
para baixarem a sua oferta inicial.
Como a relação entre guarani e real é muito acentuada, a
base de comercialização, no Paraguai, é feita com base no dólar como moeda
oficial. Há uma boa fluidez de vendedores paraguaios, que entendem bem o
português e estão acostumados a dar informaçôes aos turistas brasileiros.
Alguns lojistas preferem, inclusive, empregar brasileiros para facilitar o
contato com os visitantes co-irmãos. Nesse sentido, há que se salientar que
levamos, em nossa bagagem, um dicionário português-espanhol, mas felizmente não
chegamos sequer a abri-lo, pelas facilidades na troca de informações com nossos
co-irmãos paraguaios.
Também há, nas ruas centrais da cidade, muitas lojas
varejistas, que vendem confecções locais, como casacos de couro, chapéus,
perfumes, relógios, além, é claro, das famosas alpagartas, cintos de couro,
pilchas (roupas típicas de gaucho), erva-mate argentina (que oferecem um gosto mais
encorpado, em relação à similar gaúcha), assim como artezanatos e bijouterias.
Para os amantes da culinária, há bons restaurantes, cujas
carnes são conhecidíssimas por sabor e textura especiais, suculentas e macias).
Interessados na aquisição de alfajores só os encontramos em shoppings locais,
embalados ao modo brasileiro de transportar bombons. Aproveitamos para
percorrer as gôndolas e verificamos que a maneira de dispor os produtos é
familiar, embora o forte da oferta, nesses estabelecimentos, esteja em produtos
como queijos e vinhos argentinos.
E, ainda, há os chamados dutyshops, espécie de free
shoppings, localizados na divisa da fronteira entre os dois países, cujo
mercado livre oferece o que há de melhor das industrias brasileira e argentina.
Aí também a moeda referência é o dólar.
Entre nossa condição de turista e de consumidor, preferimos
ficar no meio do caminho, com a certeza de que essa viagem possa se converter
na primeira de muitas.
Viajar é bom. Voltar para casa é prazeiroso. No meio das
experiências está a sensação de que o mundo é maior do que imaginamos, porém,
sabendo encontrar um lugar, podemos nos localizar dentro dele, na certeza de
que tudo passa. Somente fica o que podemos acumular na bagagem da existência.
Devemos ser humano para acompanhar uma humanidade que ainda busca a sua
verdadeira transcendência. O maior desafio: unirmos nossas condições humanas e
divinas dentro de um processo existencial. Situações que se revelam em viagens
como essa, realizada em direção à Foz do Iguaçu.