Estamos longe de uma saída igualitária para todos os setores atingidos pela crise econômica mundial. Iniciada durante o último ano, pelo colapso do mercado imobiliário subprime norte-americano e a conseqüente supressão de crédito, a crise revela remédios diferenciados em seu combate. Países atingidos por seus efeitos adotam o mesmo modelo norte-americano, anunciado pelo Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, de resgate do sistema financeiro através da ajuda aos bancos, que estão em dificuldades, o que envolve um gasto de U$1.5 trilhão, visando melhorar a oferta de crédito no país.
É o Pacote de Estabilidade Financeira, uma espécie de fundo de investimento público e privado, que irá comprar papéis podres de instituições em dificuldades. Seus efeitos sociais são altamente discutíveis e sua eficácia catalisadora mundial colocada em cheque, uma vez que, quem não especula, acaba levando a pior.
Os números já revelam os efeitos desta verdadeira dicotomia. Segundo o jornal A GAZETA, de Vitória, edição do dia 21 de fevereiro, o IBGE reconhece que, durante o mês de janeiro do corrente ano, o aumento do índice de desemprego somente é comparável a janeiro de 2002, quando foi iniciada a Pesquisa Mensal de Empregos (PME). Nas regiões metropolitanas, a variação passou de 6,8%, registrada em dezembro, para 8,2% no mês seguinte.
O mesmo acontece em relação ao contingente de desocupados, 20,6%, entre dezembro e janeiro, foi considerada, pelo IBGE como sendo a maior de toda a série, havendo redução 2,1%, a maior para um mês de janeiro.
Estamos somente no início do processo, aferindo os primeiros resultados da queda de vendas, e, à medida em que elas continuarem a cair, também será acirrado o ritmo de demissões.
O que os números não mostram e fica subjacente às estatísticas é o que acontece na vida de um cidadão que perde o seu emprego. O chão desaba, a sua auto-estima fica abalada e há a perda de rumos em relação ao seu futuro.
A psicóloga Laura Marques Castelhano, coordenadora das atividades de pesquisa da ONG “Amigos do Emprego” relata o resultado de seu convívio com os ex-empregados. Para ela a frase "Eu tenho uma doença contagiosa: sou um desempregado", expressa - em poucas palavras - o sofrimento, a marginalização, o sentimento de impotência e, por que não dizer, a culpa que muitos desempregados sentem por se encontrar nessa situação. A analogia entre desemprego e doença contagiosa é muito comum nos relatos de profissionais desempregados; é um sentimento expresso, constantemente, que deve ser analisado com muito cuidado”.
E ela acrescenta: “Não é incomum vermos os tipos ideais estampados em anúncios de revista, principalmente aquelas que são direcionadas para o público que trabalha na organização. Crescemos ouvindo que "O trabalho enobrece o homem" e que "Só não trabalha quem não quer", evidenciando uma valorização e uma cobrança social que só reconhecerão quem trabalha e um tipo específico de trabalhador, já que não é qualquer trabalho que é valorizado e reconhecido socialmente”
E conclui: “Nitidamente, o emprego institui e define um papel social. Ter um emprego faz com que o sujeito se sinta parte de um projeto coletivo que, quando perdido, põe em cheque sua contribuição social e seu lugar na sociedade.
Por isso o desempregado é colocado numa categoria de margem à sociedade. Ele é visto como um marginal, como pária. Julgado por sua situação e terá que lidar com a hostilidade e a rejeição!”
Vale lembrar que 16% da população mundial já vivia, até a crise, em situação abaixo da linha de pobreza, não tendo sequer o que comer. E não por falta de oferta de alimentos no mundo, mas por falta de dinheiro para comprar comida.
Há uma linha demarcatória tênue, entre capital e trabalho, ameaçada pelas especulações, ambições e incongruências. Fora das estatísticas, há que se acabar com os preconceitos, gerar ações pró-ativas e estimular essas pessoas à mudança de atitude, porque, muitos dos que hoje estão empregados, amortecidos por seu status quo, poderão, pela inércia, fatalmente, serem os próximos,
Fernando
ResponderExcluirFico feliz em te ver enfim na blogosfera, onse só vais acrescentar. E como! O tema que abordas neste post inicial é crucial para todos nós, seres humanos, que nos valorizamos pelo trabalho e pelo trabalho, diário, segundo a segundo, em todas as áreas, evoluímos.
Por isso, está mais que na hora de se repensar o tal modelo do trabalho humano. Depois da tal revolução industrial, que embasou todo este sistema em que vivemos, temos de fazer valer o solidarismo no trabalho.
Só assim, patrões e empregados, jovens e experientes, incentivadores e criadores poderão fazer este planeta ir adiante.
seja bem vindo
abraço de sua amiga de 30 e tantos anos, numa prova de que o tempo não afasta - ele une.