Foto Jucimar Felisberto |
Uma visita às Cataratas do Iguassu (grafia adotada pela população local) se converte em uma experiência única, que fica impressa nos registros de nossa própria alma. Tamanha imponência nos dá a certeza de que nessa vida nada é por acaso. Ao contrário. Chamemos como chamemos, de Senhor, Javé ou Jeová, Deus, Alah, Tupã, ou, simplesmente, princípio gerador de tudo que é manifesto, o fato é que, ao nos depararmos com esta incomparável beleza, que a natureza nos brinda, nos damos conta de que somos consequência de uma causa maior subjacente. Somos fruto do que está oculto em todo ato de criação: a beleza, a diversidade, o amor e, porque não, a simplicidade.
Não podemos passar pelas Cataratas do Iguassu utilizando tão somente nossa mente racional. Para compreender sua magnitude devemos nos entragar aos nossos sentimentos, à grande emoção que vai, aos poucos, tomando conta de todo o nosso ser. No mundo sutil o principal elemento é o amor, princípio, meio e fim de toda a existência. Para aqueles mais perceptivos, diante de tamanha beleza, vão percebendo nascer, no interior, uma energia purificada, que eleva os estados de consciência e produz uma sensação de plenitude, trazidas pelo elemento água em precipitação a grandes alturas.
Foto Jucimar Felisberto |
Os índios, aqueles de elevada espiritualidade, sabem que, se o ser humano se entregar, vai se deixando entrar nessas energias, de forma a perceber a presença dos espíritos da natureza, das ondinas, das hostess angelicais, o chamado povo pequeno, que, através de seu trabalho e a partir da água em queda, devolvem a esse elemento toda a sua vitalidade e energização.
O resultado não pode ser outro, mesmo para quem não consegue perceber a grande ordem espiritual presente, é uma sensação de tranquilidade, elevação, paz e plenitude, ao espectador entrar em contato com esta obra verdadeiramente divina.
É Divina porque desperta a dimensão holística da vida. Congrega as diferenças e enaltece os valores unitivos humanos e divinos. Provoca emoções puras e desperta a elevação das energias. Permite a comunhão do ser com a natureza e com a ordem natural da existência. Nos tira da dimensão egocêntrica e nos coloca em interação com os valores universais, através da beleza e da harmonia que o ambiente natural nos proporciona.
Foto de Jucimar Felisberto |
Iguaçu, em tupi-guarani, significa água grande. E eu acrescento: imponente, majestosa, holística, transcendental. Iguaçu também é o nome do rio, no estado brasileiro do Paraná, que passa pelo território Argentino, que forma, nas Cataratas, mais de 275 cascatas, localizadas junto a uma área de cobertura vegetal nativa, que formam parques nacionais no Brasil e na Argentina.
As Cataratas são consideradas Patrimônio Natural da Humanidade e já participaram várias vezes das seleções para entrar na lista das Sete Novas Maravilhas da Natureza. Foto de Jucimar Felisberto. |
O turista que desejar conhecer as Cataratas pode encontrar em duas alternativas a oportunidade de entrar em comunhão com aquelas águas em queda. Pelo lado brasileiro, de menor percurso, a visão geral e frontal, acrescido de uma trilha que chega aos pés do véu para olhar, de baixo para cima, aquele universo em precipitação.
Foto de Jucimar Felisberto |
A proximidade àquele caudal líquido se faz a um chuvisco provocado por nuvens de gotículas que sobem a partir do impacto das águas com as rochas existentes na profundidade das correntezas.
Foto de Jucimar Felisberto |
Do lado argentino, as opções são muitas. Do centro de recepção ao turista partem inúmeras trilhas e caminhos, que levam ao nível das águas e de lá por passeios de barco até as quedas. E, também, para os adeptos do rapel, inúmeras descidas pela mata, circundando princípicios, até o terminal das barcas.
Foto de Roberto Rouver |
Foto de minha autoria |
No ponto mais alto, a visibilidade é pequena, destacando-se apenas uma bluma pela elevação das gotículas que sobem em direção contrária.
Foto de minha autoria |
O grande criador parece que nutriu uma queda para cada gosto, que formam uma verdadeira ciranda das águas.
Ao andar pelas áreas das Cataratas, o turista encontra animais silvestres que já se acostumaram à pressença humana e fazem seus passeios sem se considerarem molestados. O problema é que os quatis pedem comida aos visitantes e são por esses alimentados de forma errônea. Seus organismos não estão preparados para fazer a digestão de alimentos industrializados e ficam doentes. Alguns já se habituaram e receber dos turistas petiscos e não mais procuram na natureza. Se tornaram incovenientes e muitas vezes agressivos. Roubam alimentos, arranham e mordem quem carrega nas mãos alguma comida desejada. Uma situação inadequada para todos. O turista se sente molestado. O quati passa a ser mal alimentado e a direção do Parque com problemas de saúde dos animais.
Ao final da visita, o turista se sente completamente recompensado. Se tiver fôlego e resistência, pode passar por cerca de 14 cenários, considerados os mais românticos do mundo. Quanto a mim, senti-me confortavelmente premiado, por ter passado por essa experiência, irretratável para quem ainda não a viveu e não sentiu a força das energias espirituais que alimentam as águas que correm. Uma forma que se asselha ao que diz a letra da música de Paulinho da Viola, "Sei lá Mangueira", que diz, à certa altura:
... para se entender
Tem que se achar
Que a vida não é só isso que se vê
É um pouco mais
Que os olhos não conseguem perceber
E as mãos não ousam tocar
E os pés recusam pisar
Sei lá não sei...
Sei lá não sei...
Não sei se toda beleza de que lhes falo
Sai tão somente do meu coração...
...Num sobe e desce constante
Anda descalça ensinando
Um modo novo da gente viver
De sonhar, de pensar e sofrer
Sei lá não sei, sei lá não sei não.
A Mangueira (as Cachoeiras) é (são) tão grande (s)
Que não cabe explicação.
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