terça-feira, 11 de outubro de 2011

O Homem que olhava para o Céu

Quando olho para trás, examinando o meu passado, identifico pessoas que de há muito me acompanham em minha jornada existencial. Dentre esses destaco um querido amigo que desde a minha juventude me acompanha neste caminhar. São quase cinqüenta anos de convívio.


Dele eu lembro uma frase célebre: “O autoconhecimento é o primeiro passo para a melhora”.  E elevo minhas preces aos céus para agradecer por tão longa amizade. E, enquanto faço isso, também me lembro de outra constante presença em minha vida, não física, porém presença sentida, de um grande Mestre Ascensionado, que ilumina meu caminho e me ensina muito sobre a arte do autoconhecimento e da transformação interior. Ambos ajudam-me a completar o sentimento que alimento em relação aos verdadeiros amigos.



O Mestre é autor dessa parábola que passo a retratar a seguir:

Shidoshi era um grande homem, que peregrinava pela terra, carregando consigo o seu saber e também a sua vontade de sentir a vida. Não tinha uma idéia exata de quem era, mas tinha a certeza de que, se continuasse a questionar e também buscar respostas, chegaria a ter uma certeza maior sobre sua pessoa.
 Certo dia, ao viver um momento de profunda tensão, Shidoshi parou para contemplar o céu, fitando as estrelas, que brilhavam naquela noite muito bela. Questionador aproveitou aquele momento para fazer uma constatação: “O fato é que eu as vejo, mas também é fato que elas não me enxergam”. E assim ele incluía mais um enigma em sua vida. Buscou a ajuda de um cientista renomado, mas se surpreendeu com a resposta às suas indagações: “como podes, pobre homem, questionar-me algo tão infame?” “Não vês que seu tamanho é deveras inferior ao das estrelas e, por isso, você as vê e também é por isso que elas não o enxergam?

Shidoshi não ficara satisfeito com aquela resposta e resolvera continuar a sua busca. Dessa vez deparou-se com um nobre guerreiro e lhe fizera o mesmo questionamento. Esse lhe respondera: porque, para as estrelas, o que vale é o coletivo de todos aqueles que hoje estão no Planeta Terra. “As estrelas não lhe vêem Shidoshi, como um único homem, porque elas entendem de grandes dunas, como se você fosse apenas um grão de areia”.

Ele começava a se conformar com aquela resposta, dizendo a si mesmo: “enxergo as estrelas, mesmo que numerosas, porque elas são maiores do que eu, e, eu, portanto, sou muito inferior a elas. Elas me vêem, na imensidão do universo, como um pequeno grão de areia, que habita a dimensão do planeta terra.

Mas ele se apercebera que acabara de validar as impressões oferecidas pelo cientista e pelo sábio homem, sem, contudo, procurar os seus verdadeiros sentimentos. Então, tornou a fitar o céu estrelado, até que chegou a tamanha familiaridade com elas, que as estrelas mais se pareciam irmãs ou primas do que propriamente estrelas distantes no firmamento. E, ao fitar os céus, também percebeu o movimento das estrelas cadentes.



E entendeu que aqueles movimentos simbolizavam uma resposta das estrelas às suas indagações. Percebeu que as estrelas brilham porque amam, brilham feito elas. Quanto mais amam, mais brilham. Quanto mais sabem que amam, mais são vistas e quanto mais vistas mais amigas e irmãs se tornam, e quanto mais amigas e irmãs possuem, mais belas tornam-se às dunas da evolução, e quanto mais belas, mais vistas, diante das verdades dos céus, mais belas se tornam às verdades da terra.

O Mestre conclui sua estória dizendo que aquele que quer enxerga as estrelas, assim como também crê que elas assim o enxergam. Esse é o poder da integração, que se expande e se estende para além de um único grão. Isso faz com que cada um compreenda a sua dimensão diante do universo. “Você é o que acredita ser, tens o tamanho do que sentes, pertences ao universo quando pensas grande, mas  és um grão de areia quando nada sentes. Da próxima vez que você ver estrelas cadentes no  céu, cumprimente-as pois são suas primas do céu dizendo: Eu vi você!”

Minhas digressões servem para exortar o valor das amizades em nossas vidas. Nada somos, sem elas. Rendo aqui minhas homenagens a todos os que convivem ou passaram por minha vida, como verdadeiros amigos, do qual torno Alfred uma das referências para os que vieram depois. Alguns já se foram, outros seguiram seus próprios destinos, outros ainda continuam a sua trajetória próximos a mim. Com meus amigos não me sinto um grão de areia. Sou um espelho que reflete a luz dos demais, estreitando os laços entre a grandeza do cosmos e a singeleza de um grande-pequeno grão de areia.

  












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