quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

LER: Um esforço repetitivo

As recentes transformações, ocorridas no mundo do trabalho, tem resultado no advento de um novo perfil de competência ao trabalhador, exigindo-lhe uma base mais ampla de conhecimentos profissionais, ampliação de habilidades pessoais, maior equilíbrio emocional, criatividade, dentre outros atributos, como forma de contribuir mais efetivamente para a elevação da qualidade e da competitividade das empresas onde atuam. Não obstante, dependendo da ênfase gerencial, esse binômio pode gerar resultados distintos na relação capital-trabalho. A ênfase na qualidade, sem deixar de lado a competitividade, levará à construção de empresas cidadãs, a partir da formação de ambientes saudáveis e felizes, inspirados em pessoas motivadas e produtivas.
A ênfase na competitividade ensejará a falta de flexibilidade, de tempo e de ritmo, falta de canais de diálogo entre trabalhadores e empresa, pressão de chefias para manter a produtividade, equipes formadas por funcionários que, temendo desemprego, competem entre si, desmotivação para vestirem a camisa da empresa, entre outras.
Tais ambientes são propícios ao aumento de incidência de doenças ocupacionais e a inutilização prematura de expressivos contingentes de trabalhadores. As LER ou DORT, nome mais pomposo, adotado a partir de 1998, são a segunda causa de afastamento do trabalho no Brasil. Segundo dados da Previdência, durante os últimos cinco anos, cerca de 532 mil trabalhadores se afastaram do trabalho, por algum período, devido ás LER. Isso significa um aporte de recursos públicos da ordem de R$1,2 milhão à previdência e ao combate à doença.
Segundo as mesmas fontes, cada afastamento acaba custando, em média, no período, cerca de R$89 mil ao empresário. Em 1999, ocorreram, nos Estados Unidos, 650 mil casos de DORT, que geraram despesas da ordem de US$15 bilhões. No Brasil, as estatísticas não são precisas, mas segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as LER atingem um em cada 100 trabalhadores da região sudeste.
Mas o fato é que suas causas estão ligadas às condições inadequadas de trabalho, que geram ou se somam a níveis elevados de estresse e sobrecarga emocional. O resultado é uma combinação explosiva que atinge músculos, tendões, ligamentos, vasos sanguíneos, nervos, além de aspectos subjacentes, como a perda de auto-estima, da saúde mental, e a incapacidade permanente de jovens e vigorosos trabalhadores.
Bilhões de reais, dispensados pelos empresários e pelo Governo, para correção de efeitos oriundos de ambientes profissionais impróprios e de doenças do trabalho podem ser economizados, com a realização de debates acerta de prevenção e tratamento dessas enfermidades. E, ainda, alimentar discussões que levem instituições a superar obstáculos à construção de verdadeiras empresas cidadãs, mais participativas, que impeçam o alijamento prematuro de contingentes cada vez maiores de trabalhadores

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