domingo, 5 de julho de 2009

De tudo um pouco!

Não foi ao acaso que o filme “O estranho caso de Benjamin Button” ganhou três oscars. É um filme que comove por mostrar o que acontece a um ser humano que nasce idoso e morre bebe. Na história de Benjamin Button, ele recebeu a mesma carga vital, destinada a qualquer ser humano, porém percorre-a em sentido contrário.

Nascido aos 90 anos vai, aos poucos, rejuvenescendo, fisicamente, enquanto sua mente vai adquirindo maturidade. Quando chega à idade de 10 anos, sua mente apresenta um comportamento decrépito, semelhante a todos os que ultrapassam a barreira dos 80 anos.

O filme tenta mostrar que um dos principais elos, que une a vida de um bebe a um idoso é exatamente a fralda. A ficção inspira-se na realidade. Para muitos a vida está envolta em um manto, que esconde a visão dualística de que a juventude é prazerosa e a velhice fonte de provas, sofrimentos e dor. É um passo que antecede a morte, redentora de toda forma adversa, trazida pela idade avançada.

Seria bom se pudéssemos nascer enfrentando, de cara, todos os problemas trazidos pela velhice e depois, aos poucos, vindo a encontrar o prazer de viver e de explorar a juventude em toda a sua plenitude. O filme contradiz essa aspiração, pois mostra que a vida é um eterno devenir: nada é verdadeiramente definitivo em nossa existência, nem mesmo a faculdade de chegarmos a escolher em que momento, de nossas existências, experimentaremos sofrimento e dor.

Cada etapa da existência está ligada a uma carga de experiências. Por isso o personagem descobre o seu maior sofrimento ao descobrir que sua vida caminha exatamente na contramão de sua maturidade emocional e cognitiva. E que a vida é em relação. De que o alcance da felicidade e da plenitude somente acontece quando em contato com outros seres humanos incluídos em sua trajetória existencial.

O personagem sofre porque, enquanto as pessoas se encaminham para a velhice, ele estaria fadado a rejuvenescer mais e mais. É quando toma a decisão de abandonar o convívio de sua filha, porque com o passar dos anos não iria conseguir ser um pai para ela, mas um menino totalmente incapaz de exercer a sua paternidade.

Esse é um ato de renúncia suprema, por amor, resolve se afastar do convívio da filha, para que essa se desenvolva segundo os padrões adotados pelas demais pessoas que farão parte de sua vida. E também desobrigar o amor de sua vida, a sua companheira de experiências, de ser compulsoriamente submetida as contingências de sua própria condição de vida.

A mensagem final do filme é que, mesmo sendo pessoas tão diferentes, carregamos em nossa essência necessidades tão iguais, como encontrarmos os próprios caminhos, vivermos a dimensão do amor, em toda a sua plenitude, adquirirmos consciência expansiva, a cada etapa de nossa vida, não deixarmos de experimentar os desafios que vida nos reserva e, sobretudo, descobrirmos que prazer e sofrimento são ingredientes presentes no dia a dia, independente da direção biológica e das atitudes que irão temperar o que acontece, enquanto não usamos a fralda, tanto na chegada como na partida de nossa condição de ser humano, artífice que cria, recria e transforma o pensar e o sentir num eterno devenir.

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