quarta-feira, 6 de maio de 2015

Vê Minas

Relatos de viagem






Praça da Liberdade - BH

Foto Fernando Sanchotene 

Há cerca de dois meses descobri a existência de um crédito, junto a uma companhia aérea, que deveria ser saldado de imediato, para não perder a sua validade. "Vá a Inhotim" disse-me a querida amiga Zeth Aguiar. Já minha estimada amiga Ângela Vescovi de Brito me disse: "Você têm sorte. Pode assistir à exposição de Kandinsky, que estará em BH, no período de 18/04/2015 a 29/07/2015, no Centro Cultural Banco do Brasil.

O destino estava claro: Belo Horizonte, como, também, o més de abril, como forma de garantir à tempo as benesses do tal crédito. As passagens foram marcadas, para mim e para minha companheira de quase  uma vida. Restava apenas elaborar um roteiro que incluísse ambos destinos e, ainda, viesse a se converter em experiência singular. E realmente essa se tornou, como pretendo relatar a seguir.

Ao fazer o roteiro, nunca poderia deixar de seguir ambas as sugestões, por terem vindo de quem vieram, pessoas que sempre emitem opiniões balizadas e estão em permanente contato com o mundo das artes, assim como o campo do humanismo. 

Mas aí uma série de imprevistos começaram a acontecer: um dos três dias reservados à visita a Inhotim, exatamente o do meio, estava invalidado, uma vez que descobrimos que o Parque fecha às segundas-feiras. Não faria sentido ir um dia, ficar sem fazer nada no segundo, fixado em Brumadinho, e voltar no terceiro para complementar a visita feita durante o primeiro dia.

Na mesma linha, o hotel consultado confirmara as reservas solicitadas para apenas durante o final de semana. E, com isso, não haveria acomodações para os dias restantes programados às visitas. E, também, pelas informações levantadas, estaríamos em plena alta temporada, reduzindo, assim, em muito a oferta por hospedagem e por alimentação, em quase todos os fluxos turísticos próximos à capital mineira.

Prédio onde funcionou muito tempo a Secretaria de Obras

Praça da Liberdade

Foto Fernando Sanchotene 

A solução passou a ser transferir a estadia para Belo Horizonte. Afinal, voltar à capital mineira é sempre gratificante, pois já estivera em seus domínios por diversas vezes, a maioria por motivos profissionais. Mas aí comecei a me perguntar: o vou fazer, dessa vez, em BH, quando, na realidade, estava mais inclinado a ficar junto à natureza e próximo a Inhotim. 

Por sua vez, por mais dedicada que fosse a sugestão encaminhada por minha estimada amiga Ângela, ver Kandinsky, naquele momento,  significaria mergulhar em trabalhos abstracionistas, que não eram, necessariamente, os meus favoritos, em se tratando de autores contemporâneos.





E assim passei a acreditar que tudo o que previra estava perdendo o sentido. Tal qual Zeca Pagodinho, resolvi deixar-me levar pelas circunstâncias, conforme diz a letra da sua música mais famosa. O resultado? Absolutamente inesperado, vindo a comprovar que tudo o que se afigurava certo terminou errado, assim como sua recíproca, tudo o que se afigurava errado acabou terminando absolutamente certo.

Rendendo-me ao acaso, fui conduzido 
à Kandinsky, ao acervo de Inhotim, aos trabalhos em silk screem da exposição movimento, aos infinitos caminhos que levam a tudo, como partes integrantes das experiências envolvidas, conforme descrevo no espaço a seguir. Caminhos que acabaram por contribuir para a mudança de meu olhar, ao longo de tudo o que vi.  

Só não me atentei para o recado que a vida me apontava, de, literalmente, colocar todos os meus pensamentos dependurados num cabide, e só resgatá-lo uma vez terminada a programação. Pois esses caminhos percorridos passaram a me exigir outras faculdades e outros sentidos não utilizados em nosso cotidiano.

Ao entregar-me ao desconhecido abri as portas para a sensibilidade, a emoção, a intuição, a comunicação interpessoal, a criatividade, imaginação e transmutação de olhares e atitudes, abertas pelo mundo das artes de modo a estimular a vida interior e a espiritualidade. 

3 comentários:

  1. Maravilhosa experiência! Não há nada como abrir o leque das emoções vividas numa viagem e poder compartilhar-las. Abração

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  2. Maravilhosa experiência de poder dividir experiências e compartilhar impressões de situações que inspiram todos nós. Obrigado pela acolhida e manifestações favoráveis. Abração!

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  3. Que lindas vivências, Fernando!Nós queremos decidir, exercer o nosso livre arbítrio... mas oportunamente, Eles nos mostram que não é isso, que não é assim. E quando soltamos e nos entregamos, abertos a novas experiências, as surpresas são enriquecedoras!! Estou feliz pelas suas vivências! Obrigada por compartilhar! Um grande abraço para vocês dois!

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