terça-feira, 17 de março de 2009

Ecopensar

Seguidamente observo homens públicos proeminentes falarem ou escreverem as palavras "meio ambiente auto-sustentável". Tal designação me parece um eufemismo que busca estabelecer uma relação pactuada, entre o homem, em seu egocentrismo, a reprodução do capital, e as dádivas que a natureza oferece em seus ciclos de existência. Por si só a natureza já é “auto-sustentável”. O termo é absolutamente redundante. Mas a preocupação subjacente é relevante.
Não há pactos do tipo:" eu te deixo produzir e você me dá o que eu quero". Precisamos parar de acreditar que o ser humano transmuta os limites da própria natureza. Estamos ferindo de morte a nossa Mãe Terra. Ponto. Somos nós, seres humanos, quem a exaurimos e a deixamos estéril.

Durante os últimos 150 anos, as intervenções humanas provocaram desgastes e degradação sem precedentes na história deste Planeta. Portanto, é lúdico acreditar que há sempre uma condição regeneradora para cada ato de destruição. Aos que me lêem, não preciso demonstrar as evidências eloqüentes a que me refiro, porque elas, por si, já estão em pleno domínio público.
O futuro das novas gerações está ameaçado, fato não aceito ou não absorvido por muitos. Já não temos mais como recuperar o que foi destruído, mas temos como parar a nossa senda destruidora.

A Mãe Terra é um organismo vivo, como já demonstrou James Lovelock, em 1972, em sua “Hipótese de Gaia”. E sua iminente destruição poderá provocar danos em todo o sistema galáctico em que está inserida, pois tudo está em relação.

O fato é que ainda não temos um projeto para salvar este Planeta. O desafio está em promovermos uma verdadeira revolução de consciência em bilhões de pessoas e estabelecermos a Paz, a concórdia, a harmonia e a fraternidade como condição indispensável à sobrevivência humana neste Planeta, através de sistemas que estejam harmônicos com um outro sistema vivo, único e auto-regulador, chamado Terra.

Precisamos fazer uma grande revolução ética, capaz de evitar desperdícios, erradicar o consumismo exacerbado, além de vencermos o nosso medo de compartilharmos as riquezas naturais em processos de extinção, como legado às novas gerações. Precisamos evitar a diminuição da camada de ozônio e a morte indiscriminada de animais, a erradicação das matas, a contaminação das águas, a desertificação de áreas outrora férteis e o lançamento de partículas danosas no ar que respiramos. Isso e muito mais. Mas, acima de tudo, fazer cada ser humano acreditar que ele não transcende à própria natureza, mas, sim, ele mesmo pertence à totalidade.

Não há barganhas, nem benevolências.

Ecopensar, assim, é colocar as coisas em seu devido lugar. Acreditarmos que pertencemos a algo muito maior do que nós mesmos. Esta grande revolução deve começar de forma silenciosa, no interior de cada habitante deste Planeta, onde sua natureza passe a reverenciar a natureza que a gera, em toda a sua extensão e em toda condição de vida.

Texto publicado na revista Coletiva.Net, no dia 17 de março de 2009.

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