terça-feira, 9 de junho de 2009

Deus e eu no sertão

Este é o nome da música tema da atual novela das sete da Rede Globo, Paraíso, de Benedito Ruy Barbosa. Desde o momento que ouvi, pela primeira vez, a sua melodia, ela passou a despertar em mim sentimentos de simpatia, empatia e contentamento.

As telenovelas são criação genuinamente brasileira, cujo modelo é incansavelmente copiado mundo afora. Concebidas, inicialmente, para desempenhar um estratégico papel político e ideológico, durante o regime militar, perdurou através dos tempos e, hoje, despertam, em seus expectadores, duas funções: servir para extravasar as tensões, acumuladas durante o dia, e fazer-lhes despertar os seus imaginários, levando-os a desenvolverem, dentro de si, questões lúdicas, tão amordaçadas por um sistema de vida atribulado e imediatista. Isso é: a telenovela está concebida para mexer inteiramente com emoções e sentimentos de quem a assiste.

Pelas inúmeras tarefas assumidas, inclusive envolvendo uma verdadeira biblioteca de referências bibliográficas a serem lidas, não tenho me deixado à frente da telinha para me envolver nas tramas criadas por seus autores. Nem por isso a música tema deixa de despertar em mim aspectos interiores de conteúdo emocional e lúdico. Sua letra é simples, direta, objetiva, e, principalmente, curta, mas contém o apelo necessário para quem deseja fazer ressurgir, em sua vida, valores essenciais e permanentes.

Estamos tão cheios de coisas de fora que nem sequer chegamos a prestar a atenção em nossos valores internos, naquilo que nos é essencial e permanente em nosso mundo interior. Para reconhecê-los é necessário reconhecer, primeiro, a existência de uma vida interior, tarefa nem sempre fácil, nos dias atribulados, quando esquecemos do que é essencial, porque nos esquecemos de olhar para dento de nós.

Essa música traz esse sentimento de plenitude dentro de nós, porque resgata três valores essências ao homem: Deus, natureza e felicidade. Isso é: a letra fala de um ser humano que carrega Deus dentro de si, trabalha feliz, em meio à natureza pródiga. Não está fixado nas horas, deixa o tempo passar e vive apenas a essência delas. Sabe que é hora de trabalhar quando o dia desperta. Canta enquanto trabalha. À noite assiste a um verdadeiro show de estrelas, tão difícil de enxergar no meio urbano. Quando quebra a rotina, vai à festa na cidade, à missa e ver sua namorada. De volta se hipnotiza com o brilho do fogo de lenha, ouve o som da mata e, depois, alimenta sua alma com o som de um violão. E assim segue a vida, sem solidão, pois, para quem tem Deus no coração, a vida é uma verdadeira plenitude. Os autores, Vitor & Léo, Caldas Novas, Goiás, ocupam o horário da 7 para despertar esse lado tão lúdico, mas também tão verdadeiro, de que é preciso parar, pensar e não perder de vista quem somos nós e para onde estamos indo.

Assim dispuseram a sua letra:

Nunca vi ninguém
Viver tão feliz
Como eu no sertão
Perto de uma mata e de um ribeirão
Deus e eu no sertão.

Casa simplesinha,
Rede prá dormir
De noite um show no céu
Deito prá assistir
Deus e eu no Sertão

Das horas não sei,
Mas vejo o clarão
Lá vou eu cuidar do chão
Trabalho cantando
A Terra é a inspiração
Deus e eu no Sertão.

Não há solidão
Tem festa na vila
Depois da missa vou
Ver minha menina

De volta para casa
Queima a lenha no fogão
E junto ao som da mata
Vou eu e um violão.

Um comentário:

  1. simplesmente maravilhoso...póis nos faz refletir que precisamos de pouco para sermos plenos.Que nossos olhos possam escutar a voz
    que vem do coração e nos RECRIAR a cada SHOW DE ESTRELAS.

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