quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O romantismo está morrendo?

Pelo menos essa é a tese argüida por terapeutas e por psiquiatras: a de que o amor romântico está à beira da extinção, como resultado da evolução natural da sociedade, que passa a reservar ao amor uma condição menos avassaladora e reservando para o século XXI o nascimento de outras formas de sua manifestação.


O tema é tratado por Maria Fernanda Seixas, na edição do dia 8 de junho do corrente ano, veiculada pelo Correio Brasiliense. Maria Fernanda faz uma análise histórica do tema, remontando ao século XII, quando surge o amor cortês e começa a desenhar o conceito de romantismo, que se estabeleceu durante o século 19.

Segundo lembra, essa evolução acabou resultando, já na década de 1940, nas idéias românticas que formam as bases do matrimônio, na segunda metade do século XX. Segundo a idéia dominante no romantismo, os indivíduos passam a acreditar na conquista da felicidade pelo chamado “Complexo de Cinderela”, na qual a conquista da felicidade passa pelas mãos do outro.

Ao chegar o século XXI, a tendência é levar as pessoas a aprenderem a não mais delegar a própria felicidade ao outro, sem que isso sentencie o desaparecimento dos suspiros apaixonados. Mas levando indivíduos a buscarem o autoconhecimento e a individualidade, que significa, segundo esses profissionais, por quem os retrata, abandonarem conceitos como “cara-metade”, “felizes para sempre” e “almas gêmeas”. E onde passam a ser abandonados ideais baseados em expectativas, fidelidade e felicidade frutos da crença de que a outra metade possa completar a unidade para o alcance da felicidade eterna.

Com isso, segundo profissionais citados por Maria Fernanda, as relações entre indivíduos se tornam mais práticas e menos passionais, uma situação que passa a ser assentada a partir de uma nova lógica, que acaba com a contingência de as pessoas permanecerem casadas e infelizes. Para esses profissionais, essa combinação explosiva é resultado de um começo marcado por um impulso romântico.

O estudo é impactante e passível de gerar polêmica. Para aqueles mais otimistas, a situação é favorável porque permite maior liberdade e sinceridade dos envolvidos na relação, que passam a estar mais desimpedidos de cobranças, desespero e dor. Essa maior liberdade, no entanto, não implica no desaparecimento da corte, da oferenda de rosas ou cartas de amor, do amor cortês.

Seja lá como for, apesar dessa constatação, mostrada pelo referido estudo, há que se aprofundar as discussões, em busca de um aclaramento entre o que passa a ser abolido e o que passa a ser mantido a partir do advento dos novos paradigmas. Enquanto isso, o romantismo ainda permanece na preferência de muitos casais, assim como a expectativa de buscar o outro como forma de encontrar-se.

A questão é que a passagem de um paradigma para outro, uma necessidade mais atribuída do que real, depende do grau de equilíbrio de quem se encontra prestes a viver uma relação segundo os novos parâmetros. Ninguém dá o que não tem.

O que se verifica é a existência de um expressivo contingente de brasileiros que ainda encontram dificuldades de gostarem de si mesmos, acabam agindo de forma rigorosa, em relação a si mesmos e precisam trabalhar questões subjetivas que nem sempre são fáceis.

Deixar de lado o “Complexo de Cinderela” para optar pela busca de um autoconhecimento exige o alcance da maturidade, do equilíbrio, da auto-estima e, ainda, abrandar o egocentrismo para substituí-lo por uma postura mais altruísta. Implica em ser capaz de compartilhar, doar, acolher, abarcar, repartir, renunciar.

E, também, de um sentimento maior capaz de produzir felicidade e plenitude. Se o romantismo está mudando ou permanecendo o mesmo, durante mais algum tempo, uma questão sempre permanece subjacente à discussão: o amor é o alicerce de toda a relação e Ele ainda constitui a chave para este novo século, pois Ele permitirá que todos os desafios sejam resolvidos. Só o amor é capaz de dar equilíbrio e harmonia.

É válido pensar-se que, existindo o amor, a orientação interior leva à melhor compreensão de pensamentos e emoções e a um melhor equilíbrio corpóreo, mental e espiritual. O amor é resposta a tudo, a cada desafio, relacionamento, circunstâncias que envolve o ato do existir. Encontrá-lo é desvendar o segredo da vida.

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