terça-feira, 25 de setembro de 2012

Às compras

 

Foz do Iguaçu é um centro urbano com vocação turística e comercial, que vem se constituindo, nos últimos anos, em núcleo polarizador de visitantes interessados em conhecer suas belezas naturais e, também aproveitar a curta distância das fronteiras com a Argentina e o Paraguai, para fazer compras nas cidades de Puerto Iguazú e Cidad del Este.
 
A divissa entre o Brasil e o Paraguai é feita pela
 travessia sobre o Rio Paraná. As Aduanas estão em cada margem e, do lado
paraguaio, o turista já encontra, em suas imediações,
shoppings e lojas que atendem ao grande número de brasileiros
que atravessam a fronteira para realizarem suas compras.
 
Para quem estiver interessado, há um tour específico para circular pelos principais pontos da Cidad del Este. Mas a maioria mesmo prefere se dirigir ao miolo urbano, localizado junto a Ponte da Amizade, para ir direto às compras.
 
Quem não gostaria de dispor de uma quantidade ilimitada de dinheiro e seguir olhando pelas vitrines dos shoppings para conhecer os artigos expostos e ingressar nas lojas para efetuar suas compras, tanto quanto seus olhos são capazes de vislumbrar?
 
São poucos os turistas que invadem cidades vizinhas conseguindo limitar-se ao tamanho dos bolsos que levam, conseguindo apenas passear e ater-se a uma verdadeira economia providencial, na qual o que se compra é tão somente o indispensável para suprir as suas necessidades.
 
Pois, pelo que observei, a maioria chega à Cidad del Este dizendo que vão se comportar, limitar-se ao indispensável e equiparar visita, passeios e compras. Aos poucos vão deixando de lado sua disciplina e se deixando levar por seus olhos, que vêem vitrines apelativas, produtos mais em conta, mercadorias que sempre estiveram em seus sonhos de consumo à disposição. E da caminhada vai surgindo um novo verbo, cada vez mais assumido por entonação mais forte: consumir.
 
O tempo é curto, três horas, que logo passam e deixam um gostinho de quero mais. O jeito é correr, pegar o que pode a tempo de voltar às vãs, que o trarão de volta. Voltam sempre carregados de pacotes e com o sorriso nos lábios. Não é incomum membros da mesma leva gabarem-se entre si por seus feitos: "veja só o que consegui. Uma verdadeira pechincha".
 
Levados pelo impulso do consumo muitos turistas acabam por arrumar confusão nas aduanas, por se esquecerem das regras básicas que regem o comércio além fronteira.
Shopping Cidade del Leste, no Paraguai. Foto de minha autoria.
 
 
A primeira delas é de que a quota, para cada pessoa, é de U$300,00 e não de U$500,00, como muitos acreditam. Esse último limite serve apenas para free shoppings. Para produtos incluídos na lista divulgada pela Aduana brasileira, entre eles eletrodomésticos e em especial computadores, deve-se parar no Posto da Receita Federal e declarar espontâneamente o que está sendo levado.
Como geralmente os fiscais não revistam os pacotes, muitos acham que a dispensa não lhes causará problemas na volta para casa. Mas ao chegarem no terminal aeroviário de Foz do Iguaçu, deverão passar por uma meticulosa revista. Por isso que Foz do Iguaçu é um dos raros destinos onde o passageiro é obrigado a se apresentar não uma mas duas horas antes.
Ao chegar ao terminal, devem apresentar as notas de compra e a respectiva declaração da aduana. Como não providenciaram tais procedimentos, passam por canais burocráticos que aumentam o tempo de viagem e criam embaraços e não raro vêem suas mercadorias apreendidas.
Muitas vezes se esquecem de pedir, nas lojas onde compram, a nota fiscal, onde os funcionários costumam fornecer tão somente simples recibos que não possuem validade para comprovação junto a Receita Federal brasileira. Muitos, procurando burlar o fisco brasileiro, costumam declarar valores muito abaixo daqueles verdadeiramente desembolsados. Os fiscais conhecem os preços reais praticados. E, assim, esses consumidores atestam a sua intenção de aplicar a lei de Gerson junto ao Governo Brasileiro. Mas as máscaras caem e logo vêem a alegria da compra se transformar em embaraço e dor de cabeça.
Além disso, passam por outros embaraços: os mais desavisados estão sujeitos a comprar gato por lebre. Em alguns casos, ainda bem não muito frequentes, olham a mercadoria no ato de aquisição, constatando tratar-se de produto original de qualidade, porém, ao levarem as embalagens para casa, descobrem que alguns vendedores inescrupulosos, felizmente poucos, costumam substituir as mercadorias adquiridas por outras falsificadas e de qualidade muito inferior. Essa atitude, de tentar burlar outros, não é de lá, apenas, mas de todo lugar, pois pertence à natureza e à índule humanas, quando não controladas.
Já longe dos locais de compra os desavisados encontram dificuldades para fazer a troca e reparar seus prejuízos, que se tornam certos em razão da falta de cuidado em examinar o que estão levando para suas casas. Por isso devem aprender a distinguir lojas sérias de vendedores inescrupulosos, antes de efetuarem suas compras.
Shopping Cidade del Leste, no Paraguai. Foto de minha autoria.
A Cidad del Eeste, no Paraguai, possui shoppings (foto acima de minha autoria) que oferecem preços e garantia compatíveis. Entre eles conhecemos o Shopping Cidad del Este e o Shopping Monalisa (www.monalisa.com.py), além do Shopping Lion, cuja variedade de produtos e opções permitem uma boa e confiável escolha.
Mas também há centenas de pequenas lojas, espalhadas pelo nucleo central urbano, que aceitam o pagamento em real ou cartões de crédito internacionais. Os produtos são mais em conta mas há que se deter e escolher o produto certo. E, também, há infinidade de barracas de camelôs, cuja negociação é livre e o poder de barganha maior ainda. Basta perguntarmos os preços e darmos as costas para baixarem a sua oferta inicial.
Como a relação entre guarani e real é muito acentuada, a base de comercialização, no Paraguai, é feita com base no dólar como moeda oficial. Há uma boa fluidez de vendedores paraguaios, que entendem bem o português e estão acostumados a dar informaçôes aos turistas brasileiros. Alguns lojistas preferem, inclusive, empregar brasileiros para facilitar o contato com os visitantes co-irmãos. Nesse sentido, há que se salientar que levamos, em nossa bagagem, um dicionário português-espanhol, mas felizmente não chegamos sequer a abri-lo, pelas facilidades na troca de informações com nossos co-irmãos paraguaios.
A feirinha é um dos pontos de atração de Puerto Iguazú,
mesmo à noite quando os moradores saem
de seus locais de trabalho e passam pelas suas calçadas
para um bom happy hour. No destaque o guia
Jucimar Felisberto, que ajudou a tornar
 esses momentos verdadeiramente agradáveis.
Fotos de minha autoria.

 Por outro lado, Foz do Iguaçu também permite o ingresso à cidade de Puerto Iguazu, na Argentina, para facilitar as compras. O local predileto à visitação é a feirinha da Cidade, que funciona inclusive no horário noturno. Boa parte dos produtos comercializados é formada por alimentícios, em sua maioria produção artesanal, como queijos, vinhos, alguns industrializados de boa marca, mel, geleias, doces, além de tira-gostos, servidos na mesa, acompanhados da famosa cerveja argentina. O grupo, do qual fazia parte, provou das famosas empanadas, enquanto eu seguia o meu tradicional regime. 
 
Também há, nas ruas centrais da cidade, muitas lojas varejistas, que vendem confecções locais, como casacos de couro, chapéus, perfumes, relógios, além, é claro, das famosas alpagartas, cintos de couro, pilchas (roupas típicas de gaucho), erva-mate argentina (que oferecem um gosto mais encorpado, em relação à similar gaúcha), assim como artezanatos e bijouterias.
Para os amantes da culinária, há bons restaurantes, cujas carnes são conhecidíssimas por sabor e textura especiais, suculentas e macias). Interessados na aquisição de alfajores só os encontramos em shoppings locais, embalados ao modo brasileiro de transportar bombons. Aproveitamos para percorrer as gôndolas e verificamos que a maneira de dispor os produtos é familiar, embora o forte da oferta, nesses estabelecimentos, esteja em produtos como queijos e vinhos argentinos.
E, ainda, há os chamados dutyshops, espécie de free shoppings, localizados na divisa da fronteira entre os dois países, cujo mercado livre oferece o que há de melhor das industrias brasileira e argentina. Aí também a moeda referência é o dólar.
Entre nossa condição de turista e de consumidor, preferimos ficar no meio do caminho, com a certeza de que essa viagem possa se converter na primeira de muitas.
Viajar é bom. Voltar para casa é prazeiroso. No meio das experiências está a sensação de que o mundo é maior do que imaginamos, porém, sabendo encontrar um lugar, podemos nos localizar dentro dele, na certeza de que tudo passa. Somente fica o que podemos acumular na bagagem da existência. Devemos ser humano para acompanhar uma humanidade que ainda busca a sua verdadeira transcendência. O maior desafio: unirmos nossas condições humanas e divinas dentro de um processo existencial. Situações que se revelam em viagens como essa, realizada em direção à Foz do Iguaçu.

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