quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A grandiosa Itaipu

Antes de visitar as instalações da grande usina,
todos os visitantes são convidados a assistirem um filme,
de, aproximadamente, 30 minutos, focado na descrição
das bases de constituição do acordo bilateral,
 firmado entre o Paraguai e o Brasil, para construção
 daquele complexo, bem como o registro das diferentes
etapas atingidas pelo cateiro de obras, assim como
a descrição das principais características de Itaipu.
Os números impressionam e a tecnologia empregada
constitui um marco na construção de obras similares,
ainda inédita em muitos aspectos.
 

 
 
 
 
Um complexo onde tudo é gigantesco. Assim é Itaipu. Fomos visitar a Usina com base em uma idéia previamente concebida. Mas a experiência revelou-se diferente. Minha idéia inicial era de que chegaria àquele local e encontraria um manancial de águas projetando-se por entre as comportas. Achara, previamente, de que iria passear pelo piso de concreto, em cima das comportas, para ver aquele caudal de água descendo a rampa. E, ainda, acreditava que o lago contivesse pouca água represada, a ponto de poder molhar meus pés e ver os peixinhos nadando em águas claras.
 
Mas que bobagem imaginativa. Eu estava delirando. Hoje a grande rampa permanece seca, sendo usada tão somente nos períodos de maior cheia, como ladrão para fazer escoar as águas excedentes. Ao contrário, hoje a água desce por tubulações gigantes para movimentar as turbinas e, depois, retornam ao leito do rio numa profundidade de 4 metros. Dois deles para acolher as águas procedentes da tubulação e outros dois metros para favorecer a resfriação das águas aquecidas pela passagem da usina. O volume de água que corre em duas das turbinas é suficiente para igualar-se às Cataratas do Iguaçu. Acompanhe essa descrição nas fotos a seguir, de minha autoria:
 
Embora os recursos oferecidos pelo Blogger permitam
apenas fotos pequenas, o que dificulta a visualização, observe,
no centro da foto, um pouco mais à direita, os trabalhadores
em atividades e compare com a grandiosidade de cada tubulação.
A água passa pelo interior de cada um desses tubos para mover
as turbinas. Um processo interno que não permite as águas
moverem as turbinas e provocarem a geração de energia que
 alimenta dois países.
 
Além de gigantesco, tudo que se encontra no interior de Itaipu é repartido por igual entre Brasil e Paraguai: metade do efetivo que trabalha na Usina é brasileiro, outra metade Paraguaia, metade dos equipamentos é adquirido pelo Brasil, outra metade pelo Paraguai, a obra está localizada na demarcação entre os dois países, metade de um lado, e metade de outro.
 
Ao visitante são oferecidas duas modalidades de passeio naquelas instalações: uma visita externa às edificações e represa ou uma visita completa que compreende uma passagem pelos equipamentos e instalações de funcionamento de Itapu, que compreende o contato com as turbinas e salas de controle. É uma visita de caráter mais técnico que está dimensionada para cerca de quatro horas, ou um pouco mais. Optamos, devido a agenda previa, por fazer a visita externa, que dura, aproximadamente, duas horas.
 
Após passar pelo centro de recepção ao visitante, marcado pela apresentação do filme institucional de construção da Usina, os visitantes se dirigem ao estacionamento para ingressar nos ônibus à disposição. Como a quantidade de turistas é maior do que a oferta de ônibus, há veículos públicos e, também, são utilizados os próprios ônibus de excursão, assim como veículos alugados de agências de turismo. A foto (minha autoria) abaixo mostra o início da viagem até a Usina:
 
Tivemos que aguardar cerca de 10 minutos
para termos chance de ingressar no comboio, pois
a fila estava grande.
 
Ônibus de dois andares, cedidos por Itaipu, permitem
a remoção da capota para permitir ao visitante maior
visibilidade. Mas o vento estava forte e, assim,
não foi autorizada a remoção da lona que servia de teto.
Em seguida a caravana segue para o primeiro
canteiro de obras, na construção da Usina,
por onde foi feito o desvio do rio Paraná,
a secagem das águas do leito e a concretagem
da represa, bem como das comportas.
 

Hoje as comportas são acionadas somente quando o volume
das águas é superior à capacidade operacional da Usina. Foto de
 minha autoria.
 
 
Após passar pela parte externa das tubulações que alimentam as turbinas, a caravana se dirige para a plataforma onde se avista a represa, conforme mostra a foto a seguir:

Por questões de segurança, não é permitido
ao visitante descer dos ônibus, nem mesmo
levantar dos assentos, sendo
permitido apenas esticar os pescoços,
tirar fotos sentados, porém a
barreira formada pelos demais passageiros
impede que se tire fotos panorâmicas
do cenário que se descortina.
Um detalhe que me surpreendeu:
nem todas as encostas foram
construídas com a utilização de concreto,
cujos números são astronômicos.
Para economia, as paredes externas
à barragem foram construídas a partir
da justaposição de areia, argila e pedras,
conforme mostra a foto acima.

 
Um esforço integrado, entre irmãos brasileiros e paraguaios, nos deixa a impressão de que tudo é possível, se acreditarmos na própria capacidade de materializar nossos sonhos. Além da magnitude da obra, foram necessários, às equipes de conceberam e concretizaram Itaipu, muito arrojo, perseverança e obstinação. Isso aconteceu durante os anos de 1970, quando seus gestores tiveram de passar pela fase mais aguda da crise econômica brasileira. E chegaram a alcançar um índice de nacionalização, considerado o parceiro brasileiro, de praticamente 100%, no domínio da construção civil, escavações e obras civis. No tocante à fabricação e montagem dos equipamentos, a nacionalização nunca esteve abaixo de 85%.
 
Fico hoje a imaginar o que poderíamos fazer desse País, se tivessemos mais gestores dispostos a exercer seu altruísmo, do que seu egoísmo delapidador, deflagrado ainda no período colonial brasileiro, cujas influências geraram heranças em nossa cultura e cujo sistema educacional ainda não conseguiu debelar. Se pudessemos oportunizar uma visita de cada brasileiro àquele complexo talvez ensejássemos uma auto-estima maior em nossa gente e a disposição de empreender e realizar em lugar de lamentar e se deter.
 
Itaipu é uma inesgotável fonte de inspiração para novas gerações. Ao ver tantos turistas estrangeiros juntos, na condição de visitantes, vindos de longe para vê-la, fico com a notória sensação de que temos algo a mostrar ao mundo: nós, brasileiros, somos capazes de superar limites, planejar e realizar, criar, recriar e transformar, numa clara alusão ao slogan que escolhi, ao lançar o presente Blog: "O ser humano é o artífice, cria recria e transforma".
 
Conheça melhor a história de Itaipu: http://www.itaipu.gov.br/nossa-historia

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